sábado, 16 de abril de 2011

Qual a importância do Projeto Literatura em minha casa?

Depoimentos por alunos do 9º ano C,

"O projeto nos traz um conhecimento maior do mundo, no prazer da leitura, no desenvolvimento da nossa interpretação e desempenho em público. Em declamar poemas, sabemos sentir o que o autor quis lhe passar,vivenciando o momento e repassando-o para os outros." Mayana Sena

"O projeto nos trouxe inúmeras descobertas como autores de que muitos alunos não conheciam, relatos e hstórias. Os livros nos encantam com o seu saber, as biografias nos emocionam pelo que esses autores fizeram para chegar até onde estão hoje." Crislane Mesquita

"O Projeto foi uma inovação que nossa professora Francisca nos trouxe para aprimorarmos o gosto pela leitura e escrita. O livro nos traz formas de conhecimento e ensinamentos para nossa vida, nos fez descobrir várias coisas sobre a vida e obras de vários autores e descobrir nossa paixão pela poesia." Natanael

"O projeto foi uma obra espetacular da professora Francisca, que nos fez conhecer mais sobre a vidade alguns autores e ainda melhor, nos incentivou a ler cada vez mais livros. Que o hábito de ler livros pode ser comparado com o hábito de comer, pois só ficamos satisfeitos quando enchemos a barriga, isso acontece na nossa mente". Higo Halan

"O projeto me ajudou a aperfeiçoar as minhas qualidades na escrita de textos e obras no geral. Nos estimulou a fazer regularmente a prática da leitura, hábito que quase nunca realizava. Com a leitura, ampliamos nosso vocabulário, nossos conhecimentos e nossa mente para coisas novas e eu agradeço a esse projeto por ter me aberto essa porta do conhecimento". Gilvam Ferreira

"Com o projeto, pude melhorar a escrita, e do mesmo modo constituição de frases. A leitura de um livro, texto ou até mesmo uma frase é como ir para outra cidade nova e descobrir coisas imagináveis,é como um romance com disputas de tirar o fôlego, e o melhor é que você pode criar as cenas na sua mente". Larissa Romão

sábado, 26 de março de 2011

O Velho e a Flor

Composição: Vinícius de Moraes / Toquinho / Bacalov
Recitado por Alana, aluna do 9º ano C


"Por céus e mares eu andei
Vi um poeta e vi um rei
Na esperança de saber o que é o amor
Ninguém sabia me dizer
E eu já queria até morrer
Quando um velhinho com uma flor assim falou:
O amor é o carinho
É o espinho que não se vê em cada flor
É a vida quando
Chega sangrando
Aberta em pétalas de amor"

sexta-feira, 18 de março de 2011

Abertura Oficial do Projeto Literatura em Minha Casa 2011

18 de março de 2011, a professora Francisca das Graças, EEF Pe. Abílio Monteiro Neto, deu início as atividades do projeto Literatura em minha casa, um salto para novas descobertas.
O público alvo do projeto são os alunos de 9º ano, no total de 120 discentes.

Confira, melhores momentos:

Frequência
Entrega de Marcador de livro e o símbolo "Eu sou leitor"

Símbolo "Eu sou Leitor" afixado à blusa, cor: Amarelo

Escolha dos livros

Música


Vídeo com a palestra "Motivação" de Daniel Godri

Exposição do Projeto e Plano de Trabalho - Prof.Francisca

Alunas Denise e Érica, com o poema "Meus amigos pelo mundo" de Edigar Santos

Alana recitando "O velho e a flor" de Vinicius de Moraes


Wigna recitando "Bons Amigos",Machado de Assis

Taiz recitando "Receita contra dor de amor" de Roseana Murray

Natanael recitando "Poema dos olhos da amada" de Vinícius de Moraes

Ilnara apresentando Vida e Obra de Moacyr Scliar, homenagem póstuma


Gilvam apresentando resumo da obra "O alienista" de Machado de Assis

Abigail apresentando resumo de "O rei que não sabia de nada" de Ruth Rocha


Higo Halan apresentando "O Santinho" de Luis Fernando Veríssimo

Luana Lessa apresentou "Individualismo", apólogo de própria autoria

Dramatização "Um Apólogo" de Machado de Assis





 
O Projeto incentiva a leitura e escrita, interpretação e produção textual. Cada aluno deverá apresentar uma ficha de resumo para cada livro lido, somando no fim do ano, no mínimo 10 livros.

Apólogo "Individualismo"

Certo dia, estava acontecendo uma numerosa reunião, na qual os lápis estavam discutindo a sua mera importância. Todos reclamavam a toda hora, sobre as ações conduzidas pelas borrachas.

- Não é certo o que está acontecendo. – disse o lápis vermelho - Nós lápis, somos obrigados a escrever, a desenhar e a rabiscar um montão de coisas. Enquanto as borrachas não estão nem aí. Elas apenas corrigem nossos erros, como se nós precisássemos delas.

-Também concordo – indagou o outro azul- Nós somos mais importantes, maiores. E não é certo termos que fazer o trabalho todo, enquanto aquelas preguiçosas ficam por ali deitadas curtindo a vida ...

E não parou por aí não, a confusão toda ainda estava começando. Já do outro lado da bolsa, as borrachas estavam também falando:

- Isso é uma calúnia, nós que sofremos demais. Somos nós borrachas que ficamos espremidinhas nas bolsinha do garoto, enquanto aqueles grandalhões ficam esticados e livres. Somos nós que fazemos o trabalho todo. Nós que corrigimos os erros deles ...

E antes mesmo de terminar a fala da borracha, já podia se ouvir os gritos das canetas brigando com os corretivos. Foi confusão pra todo lado, onde até mesmo o apontador se intrometeu:

- Cansei de viver fazendo a ponta de lápis. Eles nem ao menos agradecem o nosso favor. Sem nós, eles não poderiam escrever, teriam a vida mais curta do que já tem ...

E assim se foi, briga após briga. Até que ambos os lados entraram em um consenso. Decidiram então, fazer uma nova reunião para resolver o tal problema. De um lado a comissão das borrachas, do outro a dos lapis. Mais na frente às canetas sendo encaradas pelos corretivos. No meio os apontadores que apresentavam ser inimigos de todos. E lá no final da fila, um caderno velho que não disse uma sequer palavra ao decorrer da reunião.

Passaram-se horas e horas, até que então eles decidiram se dividir. Cada um faria o que quisesse, sem ser obrigado a nada. Ninguém mais teria que trabalhar em algo que não gostasse e muito menos teriam que depender um do outro. Pensando que tudo iria dar certo, eles concordaram. Mais isso seria apenas o começo de um novo problema.

Depois de alguns dias sem escrever nada, os lápis ficaram ocos. Os apontadores já não faziam mais pontas e assim enferrujaram. As borrachas então, estavam cada vez mais pretas e sujas. As canetas e os corretivos, nem se fala. Os dois ficaram fora de validade se tornando assim inúteis .

Era tempo de férias na escola. Foram quase dois meses sem ao menos se exercitar. Porém, chegando o dia de aula do menino, dono de todas as canetas, lapis, borrachas e corretivos que ali estavam, percebeu a grande inutilidade de todos. Esse objetos já não estavam como antes. Aparentavam ser velhos e sujos.

Resolveu então, trocá-los por coisas novas. E assim fez. Jogo-os no final da gaveta e os deixou trancados lá. Quando o menino saiu, todos começaram a gritar e a perguntar o que havia acontecido. E dessa vez, não aguentando mais a idiotice dos objetos, o caderno pois se a falar:

-Agora é tarde pra tanto choro. Vocês fizeram a maior besteira da suas vidas. Todos são importantes pelo trabalho e pela função que ocupam. Dependiam um do outro para seguirem firme na vida. Mais não pensaram assim. Resolveram se dividir e se separar. Agente não deve fazer só o que quer. E sim o que precisa. Estamos no meio de uma corrente, onde cada um é ligado ao próximo. Devemos agir de acordo como a vida determina, porque se algum momento você falhar os amigos e parente lhe corrigiram e o ajudaram a seguir. Mas se estivermos sós, pararemos e seremos esquecidos ou substituídos por outros demais.


Autora: Luana Lessa Sena - Aluna 9º C
Apólogo contado na abertura do Projeto Literatura em Minha Casa

terça-feira, 15 de março de 2011

Produção Textual

Baseados no Apólogo de Machado de Assis, a professora de Português Francisca das Graças, solicitou aos alunos do 9º ano a criação de apólogos para desenvolver a leitura, escrita, interpretação e produção textual.

Vejam a seguir:



Aluno: Bill Clinton Rocha Silva 9° ano C
A lousa e o Giz



Certo dia, a Lousa e o Giz, começaram a discutir quem surgiu primeiro.
O Giz disse:
-Fui eu.
A Lousa falou:
-Mentira quem surgiu primeiro fui eu.
-Porque se eu não existisse primeiro aonde você iria riscar?
O Giz respondeu:
-Primeiro me criaram, pensaram,pensaram, e disseram:agora vamos criar a Lousa!
A Lousa furiosa falou:
-Isso tudo é mentira.
O Giz desmentiu ela na mesma hora.
-É verdade, porque eu iria mentir.
-Pois vamos perguntar ao Apagador.
-Pois vamos Giz.
A Lousa foi logo falando:
-Apagador, quem surgiu primeiro fui eu ou o Giz?
-Eu não sei dizer Lousa porque eu nunca me fiz essa pergunta.
-Obrigada Apagador.
O Giz avistou o Pincel e foi falar com ele.
O Giz fez a mesma pergunta ao Pincel
-Pincel, quem surgiu primeiro fui eu ou a Lousa?
-Pra mim fui eu, não foi vocês.
Tiveram muita raiva e foram embora.
A Lousa falou:
-Giz vamos esquecer esse assunto e continuar sendo amigos.
-Tá certo, mais quem surgiu primeiro fui eu e ponto final.

Moral: A união é o que importa, pois temos que ter amigos, se não tivermos nossa vida estará incompleta.

 
 
 
 
Aluna: Gabriela Mendes Barros - 9º ano C

A Carne e a Unha

Um dia, a carne e a unha estavam brincando, como sempre, juntas. Se divertiam com várias brincadeiras , sendo que o inesperado aconteceu com a carne, pois, ao esconder-se, depara-se com um alfinete afiado dentro de uma caixinha. Mas nada aconteceu-lhe-a, pois sua amiga, a unha, não deixou que nada à deparasse.

Na escola, a professora propôs trabalhos de dupla sobre os animais vivos do ambiente. Marcou-se o dia em que seria realizada a tarefa e ao caminharem por um terreno, foram surpreendidas por uma imensa rocha. A carne, ao invés de proteger sua amiga, escondeu-se atrás dela. Essa por sua vez se machucou toda.

-- Por que tu fizestes isto comigo? Tanto que eu fiz por ti e nada tu fazes por mim! – chorou a unha.

A carne, toda sem graça, ficou arrependida e nunca mais falou com a unha, esta passou o resto de sua vida feia, torta e toda rachada.

Numa manhã, perguntaram a unha como estava a carne, e ela, com tristeza respondeu:

-- Não sei. Pois ela não era minha amiga, ela era minha sombra: só me seguia quando o sol brilhava.



Aluna: Juliana - 9º ano

O garfo e a faca



Certa manhã em uma cozinha bem aparelhada e organizada deu-se uma discussão entre o garfo e a faca, cada um querendo mostrar suas utilidades. O garfo muito elegante e reluzente disse para a faca.
-Somos vizinhos e companheiros de tantas horas, mais a minha função é saciar a fome de muita gente, por isso devo ter lugar de destaque na mesa.
A faca então respondeu:
-Querido amigo garfo, eu também faço isso, pois nestas ocasiões estou com você, portanto mereço também um lugar de honra.
O garfo muito firme disse:
-Não, você apenas corta, a comida fica no prato, a missão maior é a minha.
A faca retrucou:
-Mas você precisa da ajuda de alguém, você por si só, não faz nada.
O garfo, mais uma vez falou:
-É simples, se perguntares, a alguém qual de nós dois é mais necessário, a resposta é obvio vai ser eu.
A faca em sua simplicidade e com sua navalha pequena e quase não notável falou:
-Ora amigo garfo, seja mais humilde, veja minha utilidade não só na mesa, mas em muitas situações do dia-a-dia.
O garfo neste momento ficou analisando o que a faca tinha dito e falou:
-É,você tem razão, me desculpe pelo meu egoísmo e pensando bem você é bem mais útil do que eu.
O garfo falou amigavelmente:
-Não vamos mais falar de nossa capacidade e sim da nossa amizade e companheirismo de talheres, pois já enfrentamos juntos vários momentos de mau humor e palavras grosseiras que ouvimos ao cortar ou furar alguém sem querer.
Então, chegou alguém e os guardou em uma gaveta de um armário e lá eles ficaram a pensar silenciosamente, cada um tem sua importância dentro do seu espaço, capacidade e limites quem ninguém é mais importante que o outro, o que importa é a amizade e não o egoísmo.


Moral: Ninguém é mais importante de que ninguém !



Aluna: Paloma - 9º ano
O ferro e o cabide



Um ferro e um cabide viviam brigando, pois eles queriam saber qual dos dois era o mais importante e falavam.
- Eu sou o mais importante, pois eu passo a roupa para ela não ficar amarrotada.
O cabide respondeu.
- Eu é que sou o mais importante, sem mim a roupa iria ficar amassada e não daria para vestir.
Eles começaram a perguntar para saber qual deles era o mais importante, então eles perguntaram para a camisa.
- Camisa, qual de nós dois é o mais importante, eu ou o cabide?
A camisa sem saber o que fala permaneceu calada então o ferro falou.
- Claro que sou eu.
O cabide sem palavras também permaneceu calado. Então o ferro falou.
- Eu sou o mais importante por que você não enxergar que sou eu.
Permanecendo calado o cabide, quando eles ouviram a tábua falar.
- Vocês podem parar com isso eu estou ficando com dor de cabeça.
O ferro perguntou para a tábua qual era o mais importante.
A tábua falou.
- Os dois. Imagine se vocês não existissem como iriam ficar as roupas todas amassadas e aonde iriam empendurá-las, ficariam jogadas por ai. Depois do que a tábua tinha dito eles perceberam que os dois são importantes nem um é mais nem menos que o outro e assim eles pararam com a briga e ficaram amigos.


Moral-Nunca pense que você é melhor nem pior que outro, pois todos somos iguais.



Aluna: Andreza - 9º ano
As canetas

Um belo dia duas canetas brigando quem era mais bonita. A vermelha disse eu é que sou mais bonita e tenho uma linda cor,a azul revidou.
-Não, não, não eu que sou, mas bonita e faço lindos traços. Resolveram perguntar ao bocal, que nada respondeu.
-Hum, antipática. Disse a caneta vermelha.
A azul teve uma ótima idéia, quem o menino pegasse primeiro era a mais bonita,as duas concordaram.
Quando o menino chegou pegou o caderno, e depois a caneta vermelha, que logo falou:
-Eu que sou a mais bonita,em seguida pegou a caneta a azul que falou:
-Agora você vai ser guardada e eu vou ficar aqui,então eu que sou mais bonita.O pobre do caderno já com uma baita dor de cabeça disse:
-Calem a boca,mas antes alguém tem um remédio para dor de cabeça,olhem eu que sou mais bonito,eu que sou mais importante e sinceramente o mais caro,os dois com muita vergonha se calaram e voltaram a fazer seu trabalho.

Moral:Para evitar é melhor o silêncio.

O que é um apólogo?

O apólogo é uma narrativa cujas personagens são objetos antropomorfizados, e de onde se pretende tirar uma lição de moral. "Um apólogo" de Machado de Assis, possui como protagonista a agulha e a linha, as quais discutem sobre a utilidade. No final, a linha desdenha da agulha porque ela (a linha) iria acompanhar a dona do vestido nas festas e recepções, enquanto a agulha ficaria na caixinha de costura. " Parece que a agulha não disse nada; mas um alfinete, de cabeça grande e não menor experiência, murmurou à pobre agulha: - Anda, aprende, tola. Cansas-te em abrir caminho para ela e ela é que vai gozar da vida, enquanto aí ficas na caixinha de costura. Faze como eu, que não abro caminho para ninguém. Onde me espetam, fico." O narrador encerra da seguinte maneira : " Contei essa história a um professor de melancolia, que me disse, abanando a cabeça: - Também eu tenho servido de agulha a muita linha ordinária.

Um Apólogo

Era uma vez uma agulha, que disse a um novelo de linha:
— Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda enrolada, para fingir que vale alguma cousa neste mundo?
— Deixe-me, senhora.
— Que a deixe? Que a deixe, por quê? Porque lhe digo que está com um ar insuportável? Repito que sim, e falarei sempre que me der na cabeça.
— Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agulha. Agulha não tem cabeça. Que lhe importa o meu ar? Cada qual tem o ar que Deus lhe deu. Importe-se com a sua vida e deixe a dos outros.
— Mas você é orgulhosa.
— Decerto que sou.
— Mas por quê?
— É boa! Porque coso. Então os vestidos e enfeites de nossa ama, quem é que os cose, senão eu?
— Você? Esta agora é melhor. Você é que os cose? Você ignora que quem os cose sou eu e muito eu?
— Você fura o pano, nada mais; eu é que coso, prendo um pedaço ao outro, dou feição aos babados...
— Sim, mas que vale isso? Eu é que furo o pano, vou adiante, puxando por você, que vem atrás obedecendo ao que eu faço e mando...
— Também os batedores vão adiante do imperador.
— Você é imperador?
— Não digo isso. Mas a verdade é que você faz um papel subalterno, indo adiante; vai só mostrando o caminho, vai fazendo o trabalho obscuro e ínfimo. Eu é que prendo, ligo, ajunto...
Estavam nisto, quando a costureira chegou à casa da baronesa. Não sei se disse que isto se passava em casa de uma baronesa, que tinha a modista ao pé de si, para não andar atrás dela. Chegou a costureira, pegou do pano, pegou da agulha, pegou da linha, enfiou a linha na agulha, e entrou a coser. Uma e outra iam andando orgulhosas, pelo pano adiante, que era a melhor das sedas, entre os dedos da costureira, ágeis como os galgos de Diana — para dar a isto uma cor poética. E dizia a agulha:
— Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pouco? Não repara que esta distinta costureira só se importa comigo; eu é que vou aqui entre os dedos dela, unidinha a eles, furando abaixo e acima...
A linha não respondia; ia andando. Buraco aberto pela agulha era logo enchido por ela, silenciosa e ativa, como quem sabe o que faz, e não está para ouvir palavras loucas. A agulha, vendo que ela não lhe dava resposta, calou-se também, e foi andando. E era tudo silêncio na saleta de costura; não se ouvia mais que o plic-plic-plic-plic da agulha no pano. Caindo o sol, a costureira dobrou a costura, para o dia seguinte. Continuou ainda nessa e no outro, até que no quarto acabou a obra, e ficou esperando o baile.
Veio a noite do baile, e a baronesa vestiu-se. A costureira, que a ajudou a vestir-se, levava a agulha espetada no corpinho, para dar algum ponto necessário. E enquanto compunha o vestido da bela dama, e puxava de um lado ou outro, arregaçava daqui ou dali, alisando, abotoando, acolchetando, a linha para mofar da agulha, perguntou-lhe:
— Ora, agora, diga-me, quem é que vai ao baile, no corpo da baronesa, fazendo parte do vestido e da elegância? Quem é que vai dançar com ministros e diplomatas, enquanto você volta para a caixinha da costureira, antes de ir para o balaio das mucamas? Vamos, diga lá.
Parece que a agulha não disse nada; mas um alfinete, de cabeça grande e não menor experiência, murmurou à pobre agulha:
— Anda, aprende, tola. Cansas-te em abrir caminho para ela e ela é que vai gozar da vida, enquanto aí ficas na caixinha de costura. Faze como eu, que não abro caminho para ninguém. Onde me espetam, fico.
Contei esta história a um professor de melancolia, que me disse, abanando a cabeça:
— Também eu tenho servido de agulha a muita linha ordinária!

Machado de Assis

Texto extraído do livro "Para Gostar de Ler - Volume 9 - Contos", Editora Ática - São Paulo, 1984, pág. 59O que é um Apólogo?